Desenho de espaços de clínicas médicas e de diagnósticos: foco no cliente

Espaços de clínicas médicas e centros de diagnósticos por imagens são de difícil resolução técnica, sobretudo quando envolvem tomógrafos e equipamentos de ressonância magnética, que tem fortes exigências e restrições.

Limitações relativas ao peso dos equipamentos, pé direito mínimo, proximidade e interferência com movimento de veículos, vibrações, interferências magnéticas, campos elétricos, acessos, tornam nada fácil a tarefa de implantação de salas de exames.

Portanto é muito comum e compreensível que os arquitetos e administradores se contentem e fiquem felizes quando conseguem “encaixar” os sistemas e salas de exames, relegando uma atenção secundária aos espaços de apoio, incluídos aí os espaços de circulação.

O risco que se corre com essa postura é esquecer que o paciente deve ser o foco principal da atenção da instituição. Além da preocupação com os protocolos médicos e com a qualidade técnica do exame, a instituição deve se lembrar que o usufruidor final do serviço, o que passa pela experiência do exame, é o paciente.

Justa ou injustamente é ele quem provavelmente vai decidir – para si mesmo – se a clínica é boa ou ruim.

A percepção da qualidade se inicia pelo contato com a clínica pelo site ou atendimento telefônico, deslocamento até a clinica, passa vivência com o espaço, relação com os atendentes, e tem seu auge no exame em si (que para a maioria das pessoas nunca é muito agradável). Todas essas fases devem atender ou superar as expectativas dos usuários, ou minimizar os desconfortos naturais do momento.

A experiência do paciente portanto vai ser formada por mais fatores que a qualidade do exame e do diagnóstico recebido.

No que se refere a espaços de clínicas médicas, que é o que cabe aqui, podemos evitar alguns pecados que comumente são cometidos, imagino pela causa citada:

– Salas de exames localizadas em subsolos, para resolver problemas técnicos de implantação, mas que resultam em acessibilidade mal resolvida ou confusa;

– Descuido com áreas de espera, que se confundem com corredores, aumentando o desconforto e insegurança do paciente, que se expõe desnecessariamente;

– Desorientação da circulação, onde não há uma clareza intuitiva da estrutura do espaço, deixando o paciente perdido ao entrar e sair;

– Salas localizadas em edifícios anexos claramente isolados, desestruturados do edifício principal. Além de desconfortáveis podem trazer dificuldades operacionais e criar duplicação de instalações.

– Sinalização deficiente. È comum atentar-se apenas à sinalização de segurança, restrições e avisos (por serem obrigatórios) e essa superar as informações de orientação de percursos;

– Ambientação descuidada: iluminação deficiente ou excessivamente fria; iluminação que muda a percepção de cores; cadeiras ou poltronas inapropriadas; cores depressivas. Esses itens tem solução mais fácil que problemas de espaço, talvez valha a pena começar por aí.

Essas questões todas são mais previsíveis e previamente solucionadas quando a instituição já possui um plano diretor de espaços e instalações.

Todavia, mesmo não havendo esse estudo prévio, faz sentido um esforço adicional para melhorar a experiência e a percepção de qualidade do paciente durante sua permanência na clínica.

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Áreas de circulação e espera tem uma influência enorme na percepção de qualidade pelo paciente.

Na foto acima, com espera muito ocupada, cadeiras frente a frente atrapalham a circulação e deixam o ambiente sufocado.

SALA DE ESPERA RECUADA

Nesse exemplo o espaço de espera é definido recuado, o que traz sensação de proteção ao paciente.

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